no surprise here
Heloíza Montenegro Barbosa, 19 anos de idade, estudante. Minha vida pode ser quase toda guardada em uma caixinha de biscoitos franceses ou retratada em uma música do pearl jam. Aquariana, formada de mil metades: a metade estudiosa, a metade preguiçosa. A metade moderna, tecnologica, outra metade retrô, clássica. A metade tagarela, a metade quieta. A metade forte, a metade sensível. Amo ornitorrincos, cavaleiros do zodiaco, hayao miyazaki, jane austen, dvd's, livros antigos, bichos de pelúcia, edredons, caveiras, cadernos e chocolate branco. E , se quiser mesmo saber, eu só sei ser feliz assim.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Rodava o mundo inteiro nas Estampas Eucalol
As coisas estão conspirando contra mim. Tudo começou graças ao O'Malley, mas ontem chegaram no pior estágio. Antes de dormir, procurei dois albuns de fotografias em particular no armário. Liguei o mp3 e mudei a música, caindo em '
Espanhola', do Flávio Venturini. A música que a minha mãe cantava pra mim. Random filho da puta. Na segunda página do primeiro albúm, eu comecei a chorar compulsivamente. A única coisa que eu queria, naquele momento, era um abraço da minha mãe e ouvi-la cantando 'Espanhola', quando o Flávio diz '
Te amo espanhola, pra quê chorar? Te amo'. Eu queria perguntar pra minha mãe por que nós crescemos. Queria perguntar por que eu me sinto tão frustrada com tudo. Por que eu não vou fazer 8 anos ao invés de 18.
Depois, bateu saudades do meu pai. Saudades do meu pai até os 10 anos. Lembrei do dia em que eu passei em primeiro lugar no exame do Imaculada. Para mim, aquilo representava sorvete de comemoração depois do almoço. Pra ele, representava o dia mais importante pra mim. Eu lembro de como ele pediu pra minha mãe me levar pro Rodolfo, pra ele me entregar um presente. Eram dois livros do Pateta e do Pato Donald, sobre alguns países. Canadá, Japão, Estados Unidos e Austrália. Nem quando a Ísis entrou na UFPE, eu lembro dele ter ficado tão feliz. Lembrei de todas as vezes que ele se sentava ao teclado e tocava alguma música. Lembro da voz dele cantando 'Estampas Eucalol' pra mim quando chegava do trabalho. Era a nossa música, tinha um significado pra nós dois. Hoje, eu conto nos dedos a quantidade de vezes que eu vi meu pai em 2008. Foram 7 vezes.
As lágrimas continuavam caindo. Nem mesmo a voz do Flávio Venturini me deixava melhor. Mesmo que eu reclamasse da voz da minha mãe, ela ainda era a única que conseguia me acalmar. 'Espanhola' só faria sentido na voz dela. Assim como outras mil músicas.
Acabei lembrando do show do Beto. Quando ele cantou 'Espelhos d'agua', pra ser mais exata. A primeira lembrança que me veio foi algum domingo de manhã, enquanto ela cozinhava ou arrumava algo na casa, cantando essa música. É assim até hoje.
Eu tive medo de crescer. Eu tenho medo de crescer. Tenho medo de ter responsabilidades, tenho medo de criar uma vida, tenho medo de dirigir. Tenho medo de não ser o que meus país esperam que eu seja.
Tenho medo de não ser o que eu espero que eu seja. A vida não era pra me assustar tanto, mas assusta.
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